domingo, 28 de junho de 2009

A cor do homem

A cor do homem
Mas como pode um homem
Escravizar outro homem?
O homem negro não é melhor
Que o homem branco, nem pior
A pele branca não é pior
Que a vermelha, nem melhor
A pele negra, branca, vermelha, amarela
É apenas a roupa que veste um homem
_ animal! Nascido do amor
criado para pensar, sonhar e fazer
outros homens
com amor.
Milton Nascimento e Fernando Brandt

Entrevista

ENTREVISTA

Trabalho na E. M Vila Neópolis pela manhã e a tarde no Duque de Caxias, nas duas escolas tem alunos negros, mas sempre a minoria, no Neópolis a população negra é em mais número do que no Duque. Foram entrevistados duas meninas e dois meninos, sendo três da quarta série e um da oitava.

Conversei com eles na sala dos professores, estava vazia por ser num momento de aula, deixei eles bem tranqüilos, disse que era um trabalho do meu curso de graduação que eu faço pela UFRGS.

Perguntei – COMO VOCE SE SENTE SENDO UM ALUNO NEGRO NESTA ESCOLA?

A primeira menina de 12 anos, disse: - me sinto bem, mas às vezes “eles”(colegas brancos) ficam zuando de mim, chama- me de negra, macaca, Fiona, cabelo de Bombril, cabelo duro. Todos os anos , desde que iniciei na escola sempre sofri descriminação, chegava em casa e contava para minha mãe, minha mãe dizia para eu não dar bola ao que eles falavam, mas isso me incomodava. Não me incomodo de ser negra, mas tem negros que não se assumem como negros, diz. Perguntei se ela fala para o professor que está na aula neste momento e ela diz que não pois tem medo que os pais deles, sejam chamados e depois os alunos se virem contra ela. Isso me chateia, me deixa triste, pois eles não olham para eles, só ofendem os outros.

A segunda aluna de 10 anos, - eu me sinto normal, como qualquer pessoa, sempre foi o mesmo tratamento como com as outras pessoas. Minha mãe é branca descendente de italiano, avó veio da Itália, pai negro. Se assumi como negra e tem orgulho de ser. Se vê um manifesto racista, se sente muito magoada. Meu pai sempre diz que devemos tratar as pessoas iguais, não dependendo da situação social, ser amigo de todos. O que importa é o que a pessoa tem por dentro.

Aluno, 13 anos, Sinto normal.. não tive descriminação, ninguém fala nada, sou aceito por todos meus colegas da escola e fora dela. Os colegas me tratam bem, nunca senti na- da de racismo.....

Aluno 15 anos oitava série. – em algumas escolas é ruim a maioria das escolas particulares onde é a classe rica, existe preconceito. Na escola pública não senti preconceito da parte dos colegas. Mas fora da escola já sofreu descriminação por estar parado no corredor olhando na saída foi exigido que levanta-se o blusão para ver se tinha alguma coisa escondida.

Ouvindo esses alunos me reporto ao meu tempo de criança , aluna na escola pública em Caxias do Sul. Recordo como eu fazia minha mãe me trocar de escola, pois os colegas me chamavam de Pelé, negra, Negrão de Lima ( era um político daquela época) . e eu chegava em casa chorando, fazendo queixa para minha santa mãezinha. Entendo bem o que a primeira aluna fala, pois senti na pele isto que ela passa.
Ter preconceito significa formular conceitos e opiniões antes de conhecer a realidade. O preconceito nasce quando um certo grupo ou indivíduo defende com unhas e dentes sua identidade como sendo a única legítima. A do outro não é válida por se diferente. O preconceito se forma em três dimensões. Primeiro ocorre assimilação de conceitos errôneos. É quando se aprende, por exemplo, que “mulher é burra”, ‘índio é preguiçoso” e “ negro é sujo”. Depois, o medo do diferente cria um sentimento de insegurança, que gera ódio e desprezo. A terceira dimensão concretiza esse sentimento em violência legal(segregação) ou violência física contra as pessoas discriminadas.

Estágios do Desenvolvimento

ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO SEGUNDO PIAGET


Para Piaget, a forma de raciocinar e de aprender da criança passa por estágios. Por volta dos 2 anos, ela evolui do estágio sensório-motor, em que a ação envolve os órgãos sensoriais e os reflexos neurológicos básicos(como sugar a mamadeira) e o pensamento se dá somente sobre as coisas presentes na ação que desenvolve, para o pré-operatório.”Nessa etapa, a criança se torna capaz de fazer uma coisa e imaginar outra. Ela faz isso, por exemplo, quando brinca de boneca e representa situações vividas em dias anteriores”

Outra progressão se dá por volta dos 7 anos, quando ela passa para o estágio operacional-concreto. Aqui, consegue refletir sobre o inverso das coisas e dos fenômenos e, para concluir um raciocínio, leva em consideração as relações entre os objetos. Percebe-se que 3 – 1 = 2 porque sabe que 2 + 1 = 3.

Finalmente, por volta dos 12 anos, chegamos ao estágio operacional- formal. “ O adolescente pode pensar em coisas completamente abstratas, sem necessitar da relação direta com o concreto. Ele compreende conceitos como amor ou democracia.”

Essas informações, bem utilizadas, ajudam o professor a melhorar sua prática. Devemos observar os alunos para tornar os conteúdos pedagógicos proporcionais às suas capacidades.

É na relação com o meio que a criança se desenvolve, construindo e reconstruindo suas hipóteses sobre o mundo que o cerca.

O professor deve respeita o nível de desenvolvimento das crianças. Não se pode ir além de suas capacidades nem deixá-las agir sozinhas.

Para Piaget, o que permite a construção da autonomia moral é o estabelecimento da cooperação em vez da coação, e do respeito mútuo no lugar do respeito unilateral

Dentro da escola, isso significa democratizar as relações para formar sujeitos autônomos.

Identificando Epistemologia

Reflexões

Após as leituras dos textos indicados, considero que nenhum aluno chega à escola sem já ter aprendido muitas coisas, que lhe são passado pela sua própria família, e o papel do professor é estimular essa aprendizagem a interagir com outros desafios e a dar-lhes significado, ampliando a rede do saber por meio de habilidades operatórias. É importante conhecer a psicologia da criança para fazer a escolha pedagógica. O conhecimento não é dado, simplesmente, pela hereditariedade, tampouco provém do mundo por força de uma cópia. Ao contrário, resulta de uma síntese das relações do sujeito com o seu mundo, através da ação. Se o conhecimento é resultado da ação do sujeito sobre o mundo, os métodos pedagógicos não podem resumir-se a transmissões verbais.
Para Piaget é na relação com o meio que criança se desenvolve, construindo e reconstruindo suas hipóteses sobre o mundo que a cerca.